100 anos na vida de uma diocese

No passado sábado, dia 17 de abril, realizou-se, através das plataformas digitais, o primeiro de três colóquios com o objetivo de aprofundar, de forma sistemática, o contexto da criação da diocese de Vila Real, no centenário da sua fundação.

A Comissão Diocesana, criada para assinalar esta data, entendeu por bem solicitar ao Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa que investigasse e organizasse cientificamente estes três encontros. 100 anos, nas palavras do Doutor Adélio Abreu, que abriu os trabalhos do dia, «não é muito tempo, mas é, certamente, tempo mais do que suficiente para evocar a memória de um percurso vivido, reconhecer-se nesse percurso e também perspetivar o seu futuro».

Este primeiro colóquio, intitulado «Do Reino à República: uma nova igreja num país em transformação», procurou, como referiu D. António Augusto, dar a conhecer o pano de fundo político, social, económico e eclesial no qual se enquadra a génese da diocese, bem como intentar na resposta da Igreja aos desafios globais. A parte da tarde ficou marcada por uma mesa redonda, em que os participantes puderam assistir a três belos testemunhos de cristãos ligados à política, a instituições de caridade e às Misericórdias.

A primeira conferência da manhã foi proferida pelo Doutor Armando Malheiro da Silva e versou sobre “Portugal na conjuntura de 1890 a 1926”, procurando assim fazer uma resenha histórica do final do século XIX e inícios do século XX.

A segunda hora, dedicada ao tema “Catolicismo e Republicanismo para lá da Igreja Católica e da República”, contou com a intervenção do Doutor Sérgio Ribeiro Pinto. Esta exposição foi dividida em três partes: uma primeira, em que se pretendia esmiuçar as diferenças e semelhanças entre republicanismo e catolicismo; uma segunda, onde o objetivo passava por compreender o catolicismo no período adjacente à criação da nova diocese; a terceira e última parte, versou sobre os mecanismos de estruturação financeira.

Relativamente à mesa redonda, que decorreu da parte da tarde, iniciou-se com a intervenção da Doutora Elisabete Matos que procurou explicar a alegria de ser um cristão ativo na sua paróquia e, ao mesmo tempo, exercer funções autárquicas. Uma coisa não invalida a outra, como é óbvio. Poderá até existir um “clima” de união que nos levará a permanecer, percebendo que estamos juntos e que ninguém se salva sozinho.

A segunda intervenção ficou a cargo do Doutor Henrique Oliveira, presidente da Cáritas Diocesana. Através de um testemunho pessoal e referindo vários documentos, quer da Conferência Episcopal Portuguesa, quer do Magistério, o orador explicitou qual o papel da Cáritas na relação com a diocese. Deste jeito, foi percetível que a sua ação se desenvolve sempre em estreita relação com o serviço da caridade como missão constitutiva da Igreja, integrando outros grupos paroquiais e ajudando a causa dos mais desfavorecidos. Como alertou o Doutor Henrique, a fraternidade está para além das forças do estado e, por isso, cabe-nos a nós e a este tipo de instituições sociais entender a fraternidade cristã e pô-la em prática no aqui e no agora.

Por fim, tivemos a intervenção do Doutor Altamiro Claro, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços, que nos elucidou acerca da importância das Misericórdias num território tão desertificado como é o da diocese de Vila Real. Recordou-nos que a Misericórdia é uma IPSS católica e que, desse modo, procura guiar-se pelas catorze obras de misericórdia, auxiliando-se de todas as suas (e são muitas) valências. Abordou ainda o tema dos números, quer de utentes, quer de colaboradores e fez compreender o papel preponderante que a instituição adquire, não só no que diz respeito àqueles a quem é prestado auxílio, mas também no número de postos de trabalho que tem capacidade de criar.

Nos próximos anos teremos a continuação destes trabalhos, à volta do aniversário da diocese, dia 20 de abril.

Pela Comissão do Centenário,
Miguel Santos

Sessão de abertura
Conferência 1
Conferência 2
Mesa redonda
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