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Homilia – Natal do Senhor 2024

Nesta manhã de Natal celebramos com alegria e júbilo a encarnação do Filho de Deus. No Natal histórico, Jesus nasceu em Belém, «o Verbo fez-se carne e habitou entre nós». O Deus invisível aos nossos olhos mostrou o seu rosto, revelou-se à humanidade no rosto humano de seu Filho.

Natal quer dizer, antes de mais, nascimento, a revelação da glória de Deus em forma humana. Natal foi acontecimento histórico no qual Deus se fez presente no meio da humanidade. Dessa maneira falou de forma eloquente, apresentou na pessoa, nos gestos e na história de Jesus, a sua mensagem de salvação para todos os homens.

Celebrar o Natal em cada ano representa não só uma festa especial que reúne família e amigos mas constitui uma oportunidade para que os cristãos reencontrem o mais essencial da sua fé. Diante do presépio, nós os crentes e todos os homens e mulheres de boa vontade, redescobrimos a mensagem sempre nova do cristianismo.

A história do Natal fala-nos do nascimento de uma criança, em Belém, Jesus, filho de Maria. É pois, antes de mais, afirmação da vida, enaltecer da maravilha que é o nascer de cada criança.  É o reconhecimento da dignidade de cada pessoa que nasce neste mundo e que é sempre a manifestação da força e da bondade do Deus Criador e do lugar insubstituível da família.

Viver o espírito natalício, em sentido cristão, desafia-nos a questionar e a superar uma certa mentalidade que tem desvalorizado a natalidade e nos levou a este “inverno demográfico”. O espírito natalício desperta-nos para a necessidade de fazer muito mais, como sociedade, para apoiar os casais que sonham construir uma família.

Ao enviar o seu Filho que encarnou e se fez homem, Deus manifestou a sua confiança na humanidade. Dispôs-se a habitar no meio de nós, não temendo os riscos próprios da aventura humana. Viver o Natal é acreditar na vida em todas as suas circunstâncias. Fiéis a esta mensagem natalícia, precisamos de partilhar da confiança no futuro, o que  implica apoiar mais a vida, criar melhores condições para as crianças, cuidar do acompanhamento às grávidas.

O Verbo de Deus que «tudo fez», que é a fonte da vida, veio como luz verdadeira para iluminar a todos. O seu surgimento foi apresentado pelo profeta como o do «mensageiro que anuncia a paz». O Natal de Jesus é, de facto, acontecimento que anuncia que a paz é querida por Deus e desejada pelos homens. Ao assumir um corpo de criança, Deus proclamou que a sua pedagogia não é a da força ou da violência. A salvação que veio trazer para todos tem a sua força no amor, escolheu a lógica da proximidade, da bondade e da beleza. Este é o verdadeiro caminho da paz, de uma paz consistente e duradoura porque começa em cada coração e se alarga ao mundo.

Neste Natal rezamos pela paz em tantas partes do mundo. Lembramos muitas famílias e povos destruídos por causa da guerra. Pedimos que a paz não seja apenas uma interrupção da guerra, resultado de conjugação de interesses, mas decorra da uma renovada consciência de respeito pelo outro. Acolher o menino Jesus é acolher o «príncipe da paz» e deixar que a luz que começou a brilhar em Belém chegue agora a todos os povos. Essa luz brilha também no rosto de cada ser humano, no rosto frágil de uma criança e no rosto enrugado de um idoso. Sempre que o outro é respeitado na sua vida, na sua dignidade, quando se respeitam os seus direitos a uma terra, a uma família, a uma casa, a uma cultura, a luz de Belém resplandece e a paz começa a germinar.

O Natal deste ano reveste-se ainda de um significado especial devido à abertura do Ano Jubilar. Com o gesto tradicional da Abertura da Porta Santa, o Papa Francisco inaugura, em Roma, o novo jubileu de 2025 dedicado à esperança. A mensagem do Natal, falando de vida e de paz, é também uma grande mensagem de esperança. A encarnação do Verbo de Deus, nascido em Belém, é o grande fundamento da nossa esperança. Ela confirma que Deus não defraudou as promessas que alimentou no seu povo ao longo de gerações. Ao  cumpri-las, com a vinda do seu Filho, mostrou que é fiel à sua palavra, não desiludindo aqueles que n’Ele esperaram.

Da mesma forma que há dois mil anos a chegada do Messias trouxe esperança ao Povo de Deus, também hoje, a celebração das festas natalícias deve renovar a nossa esperança. Ela torna-se, de facto, mais consistente e forte quando tomamos consciência de que Jesus é o Emanuel, o Deus-connosco. Ainda que as nossas esperanças pessoais e coletivas conheçam tantos desafios e obstáculos difíceis para que se possam concretizar, sabemos que o Senhor está connosco. Ele nasceu para ficar connosco e caminhar connosco. Se soubermos acolhê-lo nas nossas vidas, deixar-nos iluminar pela sua Palavra e transformar pela força do seu Espírito, a esperança não morrerá. Ele veio para que a grande esperança da salvação da humanidade fosse possível e para que muitas das pequenas esperanças, presentes em cada coração, possam tornar-se realidade.

No Natal a grande esperança dos homens começou a ganhar corpo; a salvação começou a realizar-se. Não deixemos que este Natal seja apenas uma pausa na vertigem e na ilusão dos dias, uma mera suspensão dos dramas do mundo. Que o menino nascido em Belém seja uma presença mais viva no coração de todos e dessa forma nos reconcilie com a vida, nos comprometa com a paz e nos disponha a sermos peregrinos daquela esperança cuja porta Ele nos abriu.

Um Santo Natal para todos.

 

Vila Real, 25 de dezembro de 2024

+António Augusto de Oliveira Azevedo

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