Dando seguimento às conferências do centenário “aprofundar as raízes”, a diocese de Vila Real deu voz aos leigos na 4ª conferência da série, com o título “movimentos laicais na diocese de Vila Real de 1922 a 1962”.
Realizou-se no dia 14 de maio, às 21h00, com transmissão em direto e acesso gratuito.
Desde o século XIX, os Papas incentivaram a fundação de novas associações de leigos e a reorganização das mais antigas. Já no século XX, para além de espaços onde os cristãos exercitavam a fé e a caridade, estas associações tornaram-se também um lugar de militância, que permitiu aos leigos assumirem um papel de maior relevo no quotidiano, dilatando as fronteiras de intervenção da Igreja na sociedade. Passaram a coexistir na Igreja dois modelos de cristãos: o paroquiano exemplar e o cristão militante.
Reconquistar a sociedade, cada vez mais secularizada, para o Reino de Cristo foi um objetivo anunciado pelo Papa Pio XI. Em fiel cooperação com os seus pastores, pedia-se aos leigos um papel ativo no apostolado. Se, por um lado, se valorizava o culto mariano reforçando a dimensão afetiva e maternal do lar cristão, surge também um vocabulário mais viril, até mesmo nas associações femininas, como foi o caso da Legião de Maria, fundada em 1921, na Irlanda.
A diocese de Vila Real surgiu neste contexto eclesial.
Paulatinamente, viriam a ganhar protagonismo muitos leigos inseridos em várias organizações estruturadas. Conforme a vocação de cada uma delas, contribuíram para o surgimento de um novo rosto e dinamismo da Igreja local.
Destacaram-se algumas que estiveram presentes nesta 4ª conferência que se situou no período anterior ao Concílio Vaticano II: Apostolado da Oração, Ação Católica, Corpo Nacional de Escutas, Legião de Maria e Mensagem de Fátima.
O movimento do Apostolado da Oração já existia antes da criação da diocese, difunde a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e promove a oração diária pelas intenções do santo padre. Este movimento foi apresentado pela Maria do Carmo Moura do núcleo da paróquia da Cumieira.
A Acção Católica chegou a Portugal em 1933. Dividida em várias secções, com designações que seguem o alfabeto, e usando o método da revisão de vida, e constituíam-se como militantes em nome de Cristo-Rei. Na diocese de Vila Real, só resta a Ação Católica Rural. Foi apresentada pelo Dr Caseiro Marques que também moderou esta conferência.
O Escutismo chegou a Vila Real em 1923 e um pequeno grupo de crianças e jovens das paróquias de S. Pedro e Sé estão já presentes na receção ao primeiro bispo de Vila Real. Vai-se espalhar rapidamente a toda a diocese e atualmente conta com 22 Agrupamentos ativos. Apresentou este movimento a Chefe Regional Alice Guedes.
A Legião de Maria foi apresentada pelo padre Pinto de Castro, assistente diocesano. A Mensagem de Fátima, que antes teve outras designações como Cruzados de Fátima, pela Lígia Pinto.
D. António Augusto Azevedo agradeceu a participação dos conferencistas e encerrou a conferência referindo que os movimentos comprovam que “na vida da Igreja e desta diocese centenária uma marca decisiva é a marca laical”. De facto, a renovação da Igreja passou muito pelo empenhamento dos leigos e a “diocese continua a esperar muito dos movimentos” face às novas realidades eclesiais e culturais.