D. António Cardoso Cunha: “um pastor com cheiro a ovelha”

A Diocese de Vila Real, ao entrar no segundo ano do triénio de comemoração do centenário, retomou as tertúlias mensais, que decorrerão de outubro a junho. A primeira foi na passada sexta-feira, dia 15 de outubro, no auditório municipal do Peso da Régua, com a presença do bispo do Porto, D. Manuel Linda.

Foi evocada a figura de D. António Cardoso Cunha, bispo de Vila Real entre 1967 e 1991. Ao longo de quase 25 anos, logo depois do Concílio Vaticano II, o terceiro bispo de Vila Real teve a grande missão de implementar as reformas conciliares nesta diocese jovem que celebrava os seus 50 anos (1972).

D. Manuel Linda, ordenado sacerdote por D. António e reitor do Seminário de Vila Real por ele nomeado, partilhou o seu testemunho sobre a personalidade humana e episcopal deste grande bispo que marcou padres e leigos, a Igreja e a sociedade civil vilarealense.

Apresentou o senhor D. António Cardoso Cunha como um homem “simples, apagado e discreto,” mas que tinha um “profundíssimo conhecimento da alma humana”, dotado de uma grande sensibilidade humana. Profundo conhecedor da história e das tradições locais, tinha um sentido prático da vida e não concebia a dimensão religiosa à parte de outras dimensões da vida como a família, a economia ou as tradições.

O segundo traço da personalidade episcopal que lhe apontou e o mais marcante para a vida pastoral da diocese nesses tempos pós-concílio foi a procura de valorização humana, cultural e social do clero. Procurou dar maior consistência à formação teológica dos seminaristas e fundou, juntamente com o bispo do Porto e o abade dos Beneditinos, o Instituto Superior de Ciências Humanas e Teológicas, no Porto, para onde mandou os alunos de Vila Real frequentar o Curso de Teologia a partir de 1968. Mandou depois estudar vários padres para o estrangeiro – Roma, Alemanha, França – e instituiu a Semana de actualização teológica para todo o clero.

Era também “um homem com grande sentido da história”. Formado no âmbito da História da Igreja, com contactos e amizades por toda a Europa, nomeadamente com o episcopado alemão, estava atento às mutações sociais que iam acontecendo, sem as estigmatizar ou dogmatizar atitudes pastorais. Homem de diálogo, próximo, acreditava na autonomia dos leigos e promovia um bom relacionamento com o mundo. A vida pessoal foi marcada por austeridade e oração.

D. Manuel Linda concluiu estes traços da personalidade de D. António Cardoso Cunha, atribuindo-lhe as palavras do papa Francisco “um pastor com cheiro a ovelha”.

A próxima tertúlia está marcada para sexta-feira, dia 12 de novembro, às 21h, no auditório do Seminário. Será sobre esta instituição, também quase centenária, e contará com a presença de um antigo aluno, o Cor. Dias Vieira, um padre novo, o Pe. Vítor Pereira, e S. Eminência, o Cardeal D. António Marto.

P. João Curralejo

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