A Páscoa do Ano Jubilar da Misericórdia

Caros Diocesanos! O Ressuscitado venceu a morte, para nos dar a vida eterna. Que Ele reine e acenda em Vós a esperança na vida eterna, para que fomos criados. O amor de Deus misericordioso deu-nos o Filho, que dá a vida gloriosa e não engana. Ele morreu por nós e isto é uma loucura, que o mundo não entende, mas escarnece e despreza. 

1.- A Boa Nova da salvação abre com o anúncio do Anjo a Maria, aos Pastores e Magos. Continua na Visita a Isabel e tem o seu ápice no Mistério Pascal de Cristo imolado, que apareceu glorioso, venceu a morte e entronizou a humanidade, assumida, antecipando a vida gloriosa, que nos há-de dar. A Páscoa celebra o regresso do Filho ao Pai, com a humanidade, que assumiu ao encarnar, no seio de Maria.

Os cristãos celebram, no primeiro dia da semana, a Ressurreição de Jesus e fazem, em Sua memória, o que Ele mandou fazer, na Última Ceia. Celebrando a Ressurreição, no Domingo, com a Eucaristia, proclamamos e interpretamos o mistério da Páscoa, como dom de vida e amor. A celebração semanal da Páscoa, no Domingo, foi a primeira. A Páscoa celebrava a libertação do êxodo. Para nós, ela celebra a libertação do pecado e da morte e o dom da vida e felicidade eterna, graças à morte e ressurreição de Cristo, prefigurada na libertação do Egipto. Cristo é a nossa Páscoa, que nos livrou do pecado e da morte, com a ressurreição. A Páscoa Judaica é figura do que Jesus viria a realizar. A Eucaristia é o memorial do Corpo imolado e do Sangue derramado, pelos pecados, ícone do amor de Deus, coração da Igreja, sacramento pascal, mistério da fé e memorial da Morte do Ressuscitado, até que Ele venha, confessando que vive glorioso junto do Pai, donde há-de vir a consolar e glorificar os que n’Ele crêem.

2.- Assistimos a provocações, que ferem a sensibilidade cristã e não ajudam o diálogo. O ódio e a retaliação alimentam guerras. O mundo não entende a misericórdia, nem o Crucificado que perdoou a quem O matou. Imitai Jesus, que perdoou do alto da cruz. Mostrai, publicamente, a fé e esperança, como diz S. Pedro: “Quem vos pode fazer o mal, se fazeis o bem? Se sofrerdes pela justiça, sereis felizes. Não tenhais medo. Reconhecei a santidade de Cristo, como Senhor. Se Vos pedem explicações da vossa fé, defendei-a, com modéstia, respeito e boa consciência, para que os que difamam a vossa boa conduta cristã sejam confundidos ao vos difamarem” (1 Pe. 3, 15-16). Permanecei fortes, firmes e resolutos, na fé, em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que nos deu a vida e nos manda amar, pedindo o amor preferencial pelos fracos, crianças, idosos, necessitados de cuidados, do afecto e da complementaridade dum pai e duma mãe, sacramentos do grande amor de Deus, por nós. A defesa da vida das crianças, dos idosos e mais fracos é apanágio do agir cristão. A vida e a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte e o testemunho da água, do sangue e do Espírito Vos levem a agir, como baptizados, movidos pelo Espírito de Deus e de Cristo, cheios de Deus, magnânimos, abertos ao preço e testemunho do sangue derramado, que é sinal inequívoco e amostra da Vossa fé, perante o mundo.  

Alegrai-vos. Proclamai a alegria da Páscoa e realizai as Obras de Misericórdia. Perdoai e sereis perdoados, certos de que Jesus Cristo Ressuscitado, “é a pedra rejeitada, pelos construtores, e se tornou a pedra angular. Esta é a obra do Senhor e o grande prodígio aos nossos olhos. Este é dia da vitória do Senhor: cantemos e alegremo-nos nele! Senhor, salva-nos! Senhor, dá-nos a vitória! “ (Sl. 118 (117), 22-25).   

3.– Caros Presbíteros, cuidai do rebanho. Imitai Cristo Bom Pastor, que deu a vida, por nós. Acreditai e deixai-vos seduzir e apanhar por Deus: “Não desfaleçais, pois, se o homem exterior se arruína, o homem interior renova-se, dia a dia. A momentânea e leve tribulação oferece-nos um prémio eterno de glória, além de toda a medida. Não nos fixemos nas coisas visíveis, mas nas invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas” (2 Cor. 4,16-18). Sede modelos do rebanho, assíduos à oração e audição da Palavra. Vivei desprendidos e enamorados de Deus, da Sua Palavra e do Seu Espírito, como “vasos e não canais” da graça e da bondade de Deus. Rezai muito e convertei-vos, abeirando-vos assiduamente do Sacramento da Reconciliação, para que a Eucaristia mude as vossas vidas e o bem que fizerdes ajude as pessoas a glorificar o Pai celeste e a acreditar em Cristo. Não queirais converter outros a Deus e ao Evangelho, sem a Vossa conversão. Admoestai, mas começai por Vos confiardes à Palavra de Deus e ao primado da Sua graça. Dai o exemplo, que arrasta e é mais eloquente que os sermões, sem amor e convicção. Rezai, adorai a Jesus Eucarístico, frequentai o Sacramento da Penitência, reconciliando-vos com Deus. 

Vinde celebrar comigo a Eucaristia, na Quinta Feira Santa, na Sé Catedral. Recordo a Missa e Concertos, na inauguração do Órgão Sinfónico, no dia 20 de Abril, em que se festejam os 94 anos de fundação da Diocese. Vivei em paz e em diálogo uns com os outros. Perdoai-vos, mutuamente. Fazei o bem. Semeai a alegria e participai, nas Reuniões de Arciprestado. Vivei em paz com todos. Confessai-vos, periodicamente, dai exemplo aos Fiéis, e crescei na piedade, no amor e na adoração.     

4. Caros Padres, Religiosos e Leigos. Peço-vos empenho, ardor, alegria e criatividade, na promoção, recrutamento, discernimento e acompanhamento de todas as Vocações e das Vocações ao Sacerdócio Ministerial. Ide, pelas paróquias e chamai, pois, Jesus quer que interpelemos e peçamos a Deus que mande trabalhadores, para a Sua ceara. Apostemos na jóia da coroa, que é o Seminário, preocupação dos Bispos de Vila Real, que me precederam, no que toca à sua construção e manutenção. Hoje, o Seminário precisa de ser restaurado, de telhado novo, como intervenção urgente e dispendiosa. E, sobretudo, precisa de Seminaristas, que serão os futuros Padres. Antes estava cheio. Se há menos filhos, na Diocese, com 264 Paróquias, grandes e pequenas, mal será não haver 40 ou 50 jovens interpelados. Há que sair e abordar os jovens. Há que motivar para esta causa os pais, professores, educadores do Seminário, movimentos, Párocos e os paroquianos, para a grande cruzada das Vocações Sacerdotais. Ninguém fique de fora. Cooperar e dar as mãos, seduzindo os jovens para Cristo, abordando-os.    

5. Praticai as Obras de Misericórdia, corporais e espirituais. Seremos julgados pelo bem feito aos pobres, sacramento do amor a Deus. Respeito pela vida e dignidade humana. Convido-vos a ser misericordiosos, como o Pai Celeste é misericordioso. Pedi que a vossa Renúncia neste Ano da Misericórdia se destinasse às actividades do Seminário, na formação e acompanhamento das Vocações, e à ajuda das Mães Solteiras e das Mulheres Grávidas, para que sejam apoiadas a respeitar, promover e alimentar a vida humana. Seria desumano querer a vida respeitada sem dar às mães os meios de o poderem fazer. Além da Caritas Diocesana, em prol dos carenciados e vítimas da droga e das Conferências de S. Vicente de Paulo e de outras obras, existe, na Diocese, um Centro de Apoio à Vida, dependente da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real, que há que apoiar, para que ele cresça, floresça e frutifique. 

Como Paulo peço: “vivei alegres, tendei à perfeição, consolai-vos uns aos outros, tende um único sentir, vivei em paz e o Deus do amor e da paz estará convosco. Saúdam-vos todos os santos. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” (2 Cor. 13, 11-13).

Vila Real, 5 de Março de 2016.

+ Amândio José Tomás, bispo de Vila Real

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