Últimas Notícias

Saudação do novo bispo, D. Sérgio Dinis

Meus caros irmãos e irmãs

Toda esta celebração foi, até aqui, uma dádiva de Deus a nós, homens, e uma ação de graças de todos nós a Deus. Por isso mesmo, nesta minha intervenção, eu desejo em primeiro lugar, elevar o meu coração em ação de graças e louvor a Deus, Santíssima Trindade: A Deus Pai, que no seu imenso amor me sonhou antes de ser gerado no seio materno; ao Filho de Deus feito homem, Jesus Cristo, ressuscitado e vivo, que me chamou a ser seu discípulo, e, agora, um dos sucessores dos Apóstolos; e ao Divino Espírito Santo, que habita em mim desde o batismo e hoje de novo desceu sobre mim com a sua graça específica para realizar o ministério que me foi confiado. Louvor e glória ao nosso Deus para sempre!

Nesta hora, o meu coração volta-se também para a Igreja, povo do Senhor. Antes de mais, queira Vossa Excelência Reverendíssima, Senhor Núncio Apostólico, D. Ivo Scapolo, – a quem saúdo – transmitir mais uma vez a Sua Santidade, o Papa Francisco, a minha profunda comunhão e a minha gratidão pela confiança depositada na minha humilde pessoa.

Na pessoa de Sua Excelência Reverendíssima, o senhor Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, quero saudar todos os bispos de Portugal aos quais hoje no ministério me uno em verdadeira fraternidade. A todos agradeço o acolhimento fraterno. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para eu próprio, bem como todo o Ordinariato Castrense, caminharmos juntos para uma Igreja de comunhão, participação e missão, uma Igreja mais sinodal.

Na pessoa do nosso querido Bispo, D. António Augusto de Oliveira Azevedo, quero render toda a gratidão à minha amada Diocese de Vila Real. Senhor D. António, confesso que, após a minha nomeação, desejei ter a mesma alegria e entusiasmo que Vossa Reverência. Agradeço-lhe todo apoio e exemplo, a coragem que me tem dado e o empenho sem limites que colocou neste acontecimento e celebração.

Aos excelentíssimos membros do governo e às mais altas chefias das Forças Armadas e das Forças de Segurança, grato pela vossa presença e participação nesta ordenação episcopal. Tenho a certeza que tiveram que percorrer centenas de quilómetros, abdicar do vosso descanso, relegar para segundo plano as vossas famílias para estarem aqui.

Dentro de dias partirei para Lisboa, onde tomarei posse do cargo para o qual o Papa Francisco me nomeou sucedendo ao Senhor D. Rui Valério, agora Patriarca de Lisboa, a quem agradeço todo o acolhimento, apoio e exemplo apostólico. Então ficarei plenamente ao serviço da Diocese Castrense. A presença de Vossas Excelências hoje, aqui, dá-me conforto e confiança para melhor servir a todos.

Uma palavra de gratidão à Congregação Salesiana de Dom Bosco. Foi aqui, bem perto, em Poiares da Régua, que tudo começou: o estudo e o meu caminho vocacional. Hoje, aqui, nesta igreja, estão antigos alunos, magistrados, jornalistas, empresários, engenheiros, enólogos, o superintendente da PSP deste distrito, padres… e também este bispo. Obrigado, Salesianos.

Ao Seminário de Vila Real, ao Seminário Maior do Porto, à Faculdade de Teologia do Centro Regional do Porto da Universidade Católica e à Faculdade de Direito Canónico da Universidade Pontifícia de Salamanca, a todos os meus professores estarei eternamente grato. Perdoem-me todos os outros, mas, neste dia, tenho de destacar o nome de um formador e professor que acompanhava os seminaristas de Vila Real no Seminário Maior do Porto e na Universidade Católica: sua Eminência o Cardeal D. António Marto. Uma amizade e uma paternidade espiritual que nunca poderei esquecer, uma marca profunda que deixou em tantos de nós. Como eu, tantos outros padres e bispos lhe estamos eternamente gratos.

A todos os padres, aos meus condiscípulos, aos do meu presbitério e de outras dioceses, aos capelães militares, aos religiosos, às irmãs religiosas e às pessoas consagradas, obrigado pelo vosso testemunho de entrega e de fé. Caros irmãos padres, não posso deixar de recordar as palavras daquele nosso colega, já ancião, que comigo trabalhava no mesmo arciprestado, dizia: “A melhor coisa do mundo é ser padre”. Até agora, posso dizer-vos o mesmo: ser padre é a melhor coisa do mundo…  Ser bispo… já não tenho tanta certeza! Ainda não sei! Espero, contudo, com a graça de Deus ser um bispo feliz, testemunha da esperança e da alegria do evangelho.

Aos membros do Tribunal Interdiocesano de Vila Real, pela interajuda, partilha de conhecimentos e, acima de tudo, porque convosco aprendi no concreto da vida, que sem a busca da verdade não se faz justiça, e que a justiça se faz na misericórdia. Obrigado.

Uma palavra de carinho e de muita estima ao Povo Deus: aos que me viram nascer na aldeia de Campanhó, na Serrão do Marão, aos que me viram crescer na aldeia de Ermelo e no lugar de Varzigueto, na Serra do Alvão, tudo isto no Concelho de Mondim de Basto; a todos os que foram meus paroquianos nas diferentes paróquias do Concelho de Murça e também de Alijó. Nasci no Marão, cresci no Alvão e amadureci no Douro. Sei o que é o frio e o calor. Calcorreei serras e vales; convosco subi e desci. Foi com todos vós que aprendi a ser padre. Fostes vós que me inspirastes a ir a São Paulo e a escolher como lema da missão que hoje começo: “Fiz-me tudo para todos”. Como tão bem disse Santo Agostinho: “O bom rebanho faz o bom pastor”.

A todos os batizados, a todos os homens e mulheres de boa vontade, que fizeram e fazem parte da minha vida, não só vos digo obrigado, como vos levo no coração. A distância não quebra a comunhão; o que vivemos juntos, o tempo não pode apagar; e o amor não acaba nunca.

A todos quantos prepararam este acontecimento e celebração, ao grupo de sacerdotes e leigos que diretamente estiveram envolvidos, desde os seminaristas e acólitos, escuteiros e grupo coral, membros do protocolo, à equipa audiovisual, aos jornalistas, sem esquecer esta paróquia de Nossa Senhora da Conceição e o seu pároco, e aos membros da Polícia de Segurança Pública, que garantiram a nossa segurança, muito obrigado.

Ao mestre Avelino Leite, que desenhou e mandou executar todas as insígnias episcopais, ao Rev.do Pe. António Cartageno que compôs o cântico que há pouco ouvimos, Fiz-me tudo para todos, manifesto a minha profunda admiração como artistas, pela beleza e criatividade das vossas obras.

Será que me esqueci da família? Claro que não. Foi aí que tudo começou. Aos meus pais, que não só me transmitiram a vida, mas também a fé, à minha irmã que tanto amo, ao meu cunhado, que tanto estimo, e aos meus sobrinhos, que são o meu encanto, digo-vos que sou de Cristo, mas continuo a ser vosso. Na pessoa da minha avó paterna, com quase 105 anos, que foi quem ofereceu este anel episcopal, quero dizer a todos os meus tios e primos, quer de um lado quer do outro, que é um gosto, um orgulho ser um de vós. Todos ajudaram a granjear a minha vocação, menos a minha tia mais nova, pouca mais velha do que eu, que sempre troçava de eu vir a ser padre! Hoje ela é freira! Desígnios insondáveis de um Deus cheio de surpresas!

Por fim, peço licença de partilhar com todos vós um momento muito íntimo da minha vida. A data 26 de janeiro de 2025 e a hora, 15h30, não fui eu que escolhi. Foi quem de direito. No dia 26 de Janeiro de 2024, pelas 15h30, depois de uma doença prolongada, na unidade de cuidados paliativos do hospital de Chaves, após longas horas de sedação, o nosso pai, um ex-combatente, despertou e despediu-se de mim, perfeitamente lúcido. Em poucas palavras, deixou um verdadeiro testamento espiritual. Depois voltou a adormecer. A todo o custo acordei-o e disse-lhe: “Pai, tenho de ir, tenho uma Missa”. Ele respondeu-me: “Vai, Sérgio, que a tua vida é outra”.

Compreendei que eu, neste momento, professe novamente esta verdade de fé na qual acredito profundamente: “Creio na ressurreição dos mortos e na vida que há de vir”.

Que a Virgem Maria, Nossa Senhora Imaculada Conceição, patrona desta igreja, Padroeira da Diocese de Vila Real e de todo o nosso Portugal, a todos proteja. A todos, boa viagem e um bom regresso às vossas casas. Muito obrigado!

 

Vila Real, 26 de janeiro de 2025

D. Sérgio Manuel Ribeiro Dinis

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.