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Mensagem ao Povo de Deus

Aos padres e diáconos, aos religiosos e religiosas, a todos os fiéis leigos e a todos as mulheres e homens de boa vontade da diocese de Vila Real

          Saúdo a todos os que fazem parte desta amada diocese, com a estima e o afeto de vosso irmão na fé e vosso Pastor. Quero dirigir uma palavra de ânimo e conforto aos doentes e às famílias atingidas por esta pandemia e também uma palavra de solidariedade a todas as vítimas das suas graves consequências que se começam a evidenciar, como o desemprego, as carências económicas ou as fragilidades psicológicas. A todos asseguro que estais sempre presentes nas minhas preocupações e orações e que podereis contar sempre com o apoio que a Igreja vos puder dar.

          Alguns meses após o início desta pandemia que alterou completamente as nossas vidas pessoais, com implicações profundas na vida das famílias, instituições, empresas e também na vida pastoral das comunidades cristãs, quero manifestar o meu reconhecimento pelo modo prudente e responsável como quase todos têm enfrentado esta adversidade. Não posso deixar de realçar o esforço de muitos padres e leigos em manterem as comunidades cristãs unidas e com a vitalidade possível nestas circunstâncias, bem como exaltar as múltiplas iniciativas dos secretariados diocesanos, movimentos e grupos, sempre com a marca da criatividade pastoral, aproveitando as potencialidades do mundo digital. Estes sinais de renovação que têm evidenciado um maior protagonismo das famílias e dos jovens, são promissores para o futuro da diocese.

Os últimos tempos puseram à prova os pilares da sociedade que constituímos, os valores que partilhamos, mas deixaram grandes interrogações e desafios para o futuro. Esta provação está a dar-nos a oportunidade de olhar para a vida de outra forma, de (re)aprendermos muitas coisas que tínhamos esquecido e de percebermos que há muito a (re)construir. No que respeita à vida da Igreja, esta crise obrigou-nos a desinstalar de algum conformismo e rotina, a superar alguma apatia, ousando novas possibilidades. Acima de tudo, ela remeteu-nos para o essencial da fé, mistério de confiança e abandono nas mãos de um Deus que nos fala mesmo no silêncio e no sofrimento. Nesta circunstância pouco habitual pudemos comprovar como a fé autenticamente cristã precisa da família para ser gerada, da comunidade cristã para crescer e ser partilhada e da oração para respirar e se animar.

          Nestes dias, apesar de algum cansaço, ficamos mais animados com o retomar de várias atividades da nossa sociedade e, de modo especial, com a expectativa de participar novamente na eucaristia a partir dos próximos dias 30 e 31. Estes passos de um desconfinamento gradual exigem de todos a mesma prudência e responsabilidade. Concretamente aos fiéis da diocese renovo o apelo para que continuem a dar exemplo de maturidade cívica e de compromisso com o bem comum.

          Em consonância com as Orientações da Conferência Episcopal Portuguesa para a celebração do culto público católico no contexto da pandemia COVID-19, publicadas no passado dia 8 de maio, apresento as seguintes recomendações:

  1. As orientações da CEP devem ser integralmente respeitadas e cumpridas no âmbito da diocese de Vila Real durante este período de pandemia.
  2. Esta nova fase, tendo em conta as necessárias adaptações, vai exigir um maior esforço aos párocos, um espírito de compreensão por parte dos fiéis, e, sobretudo, uma grande colaboração entre padres e leigos. Para que em cada comunidade tudo esteja organizado, sugere-se a criação de equipas de acolhimento, para que, em colaboração com os Párocos, preparem devidamente as celebrações.
  3. Os mais idosos, fragilizados ou pertencentes a algum grupo de risco poderão acompanhar as celebrações através dos vários meios de comunicação social ou da internet, cumprindo assim o preceito dominical.
  4. Aos fiéis que vão participar nas celebrações recomenda-se que procurem estar informados das alterações de procedimentos. O objetivo é minimizar os riscos de contágio e defender a saúde de todos. É obrigatório o uso de máscara ao entrar na igreja e a higienização das mãos.
  5. A regra do distanciamento vai implicar uma redução da capacidade de cada igreja. Em cada paróquia se estabelecerá o modo concreto de definir os lugares disponíveis e as modalidades possíveis para prevenir ou remediar a afluência de fiéis. Uma delas poderá ser a alteração dos horários e locais das missas.
  6. As celebrações ao ar livre são possíveis sempre que se justificarem e onde houver condições, respeitando as regras litúrgicas e todas as normas de segurança. Nesta fase é concedida dispensa da autorização da diocese.
  7. Recomenda-se que os sacramentos do batismo e matrimónio sejam adiados. Não sendo possível, devem ser celebrados no respeito pelas orientações da CEP. Da mesma forma, no sacramento da Reconciliação devem ser respeitadas as regras definidas, para defesa do penitente e do confessor, nomeadamente o uso de máscara.
  8. No âmbito da diocese, as celebrações do sacramento da confirmação e as visitas pastorais continuam adiadas para o próximo ano pastoral, quando houver condições para a sua realização.
  9. As exéquias são momentos especialmente sensíveis que exigem cuidados redobrados. Devem ser respeitadas as normas das várias entidades públicas e as orientações da Igreja. Nesta fase são desaconselhados os ofícios dos defuntos na forma pública, podendo ser rezados particularmente.
  10.  Até ao final do ano pastoral, as atividades eclesiais que impliquem maior aglomeração de pessoas (catequese, reuniões, encontros…) devem ser feitas por meios telemáticos.
  11.  Seguindo as orientações da CEP, «peregrinações, procissões, festas, romarias, concentrações religiosas (…) continuam suspensas até novas orientações» (nº79). Apesar da pena que esta medida causará a todos, desejamos que ela contribua para que a pandemia não se agrave, antes seja mais rapidamente superada.

Este conjunto de recomendações visa proteger a saúde de todos os que frequentam as nossas igrejas e participam na vida das comunidades. Agora, mais do que nunca, precisamos de cuidar uns dos outros, sobretudo daqueles nossos irmãos mais afetados por esta crise pandémica e pelas suas consequências.       

A terminar, quero deixar a todos uma mensagem de ânimo, confiança e esperança. Como cristãos, acreditamos que o Senhor Jesus, na sua Ascensão, nos deixou uma missão: «Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei» (Mt. 28,19) – acrescentando a promessa de que estaria connosco até ao fim dos tempos. Esta certeza anima-nos a continuar a cumprir hoje essa missão com entusiasmo e dedicação. Pedimos ao Senhor que nos conceda o seu Espírito para sabermos viver e testemunhar o Evangelho neste contexto tão especial.

Que Deus a todos proteja e abençoe e Maria, Senhora da Conceição, padroeira da diocese, interceda por nós.

Vila Real, 24 de maio de 2020, Solenidade da Ascensão do Senhor

+António Augusto de Oliveira Azevedo

Bispo de Vila Real

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