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Homilia – Peregrinação Diocesana a Fátima

Estamos reunidos nesta bela e acolhedora Basílica da Santíssima Trindade, muitos peregrinos da Diocese de Vila Real, juntamente com tantos outros que hoje vieram a este santuário. Viemos em atitude de ação de graças a Deus que, por Maria, nossa padroeira, concedeu muitas graças à diocese ao longo destes cem anos de vida.

Viemos cheios de alegria e de júbilo porque o dom da salvação se manifestou em tantas vidas de homens e mulheres que viveram iluminados pela fé em Jesus Cristo. Com a benção de Maria, Mãe de Deus e nossa mãe, foram muitos os sacerdotes que deram um belo exemplo de pastores dedicados ao serviço do Povo de Deus, foram tantos os religiosos e religiosas que manifestaram a fidelidade aos valores do Reino, foram imensos os leigos e leigas que nas várias tarefas comunitárias, como catequistas ou nos coros, como acólitos ou leitores, na participação em grupos, movimentos ou instituições eclesiais, demonstraram um grande amor à Igreja. Sem esquecer o conjunto dos batizados, jovens ou mais velhos, os casais e famílias que nas suas aldeias ou vilas, em casa ou nos locais de trabalho deram testemunho de fidelidade à fé. Todos, com a sua vida e testemunho contribuíram para que esta igreja diocesana se tornasse uma esposa de Cristo bela,  adornada com tantas coisas preciosas.

Esta alegria em que exultamos não deixa de reconhecer e assumiras faltas e carências, as dificuldades e sofrimentos deste século de história. Somos Igreja santa mas também pecadora, iluminada pela fé mas com as sombras da humanidade . Ao contrário de Maria, a cheia de graça, tantas vezes desperdiçamos graças que Deus nos concedeu ou não deixamos frutificar dons com que o Espírito nos enriqueceu.

A família de Nazaré foi a Jerusalém celebrar a festa da Páscoa. Esta peregrinação anual constituía um grande sinal de pertença a um povo que não deixava cair no esquecimento os momentos decisivos da sua história. Como Povo de Deus peregrino neste tempo é fundamental celebrar um conjunto os momentos essenciais da nossa fé, evocar os acontecimentos mais marcantes da nossa história comum. Sintamos hoje o gosto e o sabor de sermos povo de Deus, tomemos consciência de que como cristãos não podemos caminhar isolados, indiferentes à sorte dos irmãos ou insensíveis às dores dos doentes, dos mais pobres, dos migrantes, idosos e solitários.

A nossa presença tão numerosa é sinal eloquente do valor que constitui o caminhar juntos, a afirmação de que, enquanto cristãos reunidos em comunidades, Jesus está sempre connosco e Maria, mãe cheia de bondade e ternura, caminha connosco. Desde o Pentecostes até Fátima ela reza e faz-se presente à Igreja, cuidando dos mais vulneráveis e desafiando-nos sempre à conversão, a viver como irmãos, a construir a paz

Esta peregrinação acontece em pleno percurso sinodal que tem mobilizado toda a Igreja por convocação do Papa Francisco. A partilha da nossa diocese, unida aos contributos de toda a Igreja universal ajudarão a que da Assembleia Sinodal reunida este mês em Roma resultem conclusões que favoreçam uma profunda renovação eclesial. Inspirados no Evangelho de hoje, rezamos e desejamos que a vivência sinodal desperte a Igreja para nunca se perca de Jesus Cristo. As preocupações da vida pessoal ou comunitária nunca poderão deixar Cristo para trás ou em plano secundário. Ele deverá estar sempre no centro da vida da diocese e da Igreja; o seu Evangelho será sempre o nosso farol e a docilidade ao seu Espírito o critério fundamental da missão. Mesmo que o mundo se esqueça de Cristo ou o queira colocar de parte é nossa missão apresentá-lo. É necessário não desistir, pelo contrário, ajudar tantos a procurar Jesus até O encontrar.

Como Igreja diocesana já centenária, aprendamos de Jesus a não ter medo de estar entre os doutores, de cultivar um espírito de diálogo com a cultura e de encontro com a diversidade de pessoas e tradições religiosas ou culturais. Como Ele não nos podemos distrair daquela missão  a que o Pai do céu chama cada um e todos. Como Ele cultivemos o gosto e a necessidade de estar na casa do Pai mas sem que isso signifique ficar entrincheirado nos templos ou nas sacristias. Gostamos de estar na casa de Deus mas para voltar à vida com outro ânimo e com novos horizontes.

A partir do evangelho que escutamos nesta bela celebração podemos levar dois propósitos ou compromissos

1º Como Maria, guardemos os acontecimentos não só na memória mas sobretudo no coração. Na memória temos bem vivos os acontecimentos e as pessoas que fizeram parte destes cem anos da vida diocesana. Mas é indispensável guardar no coração, onde está tudo o que é importante. Guardar no coração significa viver com intensidade, com fé e profundidade todos os momentos. Assim deve ser sempre na vida da Igreja: na atividade dos sacerdotes, na vida pessoal, nas atividades comunitárias ou na ação dos grupos, movimentos e instituições da Igreja, sejam da cariz social, educacional ou outro, tudo deve ser expressão de uma fé enraizada no mais profundo do coração. Num mundo em que prevalece a imagem, a aparência, é necessário, como Maria, valorizar o coração, o interior. Com ela partilhamos hoje as angústias e aflições, os sonhos e projetos que trazemos no coração.

2º O segundo compromisso é o de crescermos em fé e em humanidade. Qualquer que seja a idade cada pessoa é alguém inacabado. Não podemos acomodar-nos ao que somos, temos ou fazemos. Há algo a aprender, a fazer. Cada um, cada comunidade e a diocese partem daqui com esse desafio: há passos a dar, renovação a fazer, possibilidade de crescer.

Depois da peregrinação a família de Nazaré regressou à sua terra, ao quotidiano em que teve lugar o crescimento de Jesus. Desta peregrinação voltaremos com um coração cheio, uma esperança renovada. Somos todos convidados a crescer como batizados tendo por modelo o próprio Jesus. Que as crianças e jovens cresçam na sabedoria da fé, as famílias num amor verdadeiro, as comunidade em fraternidade evangélica. Todos são chamados a crescer na fidelidade a Jesus e ao seu evangelho segundo a sua própria vocação. Crescer com raízes, foi o lema que nos guiou ao  longo das celebrações do centenário e continuará válido nesta nova fase da nossa história para sermos uma Igreja com um rosto mais belo e jovem, Igreja mais acolhedora, próxima, fraterna

Com Maria peregrinamos juntos para renovar a esperança.

 

 

PEREGRINAÇÃO DIOCESANA A FÁTIMA – 5.10.2024

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