Diocese de Vial Real inicia ciclo de conferências do Centenário

A diocese de Vila Real, no horizonte da celebração do Centenário da sua criação, que ocorre a 20 de abril de 2022, realiza, neste ano preparatório, uma série de conferências sob o lema “Aprofundar as Raízes”.

A primeira decorreu na última sexta-feira à noite, dia 15 de janeiro, através de plataformas digitais, e debruçou-se sobre o primeiro bispo da diocese, D. João Evangelista de Lima Vidal. Foi oradora a Dra. Cláudia Pires.

D. António Augusto Azevedo, actual bispo da diocese, abriu este ciclo de conferências apresentando-as como um “revisitar” das figuras, acontecimentos significativos, instituições e dinamismos que marcaram este século de vida da diocese de Vila Real.

Falando do sentido da presente iniciativa, afirmou: “não se trata apenas de um exercício de memória para as gerações mais velhas nem de mero conhecimento histórico necessário para as gerações mais novas mas de uma tomada de consciência comum das nossas raízes que nos unem e nos trouxeram ao presente daquilo que somos e vivemos”. E acrescentou: “o relembrar da história permitir-nos-á conhecermo-nos melhor mas também ajudar a perceber melhor e tomar consciência do que o presente nos pede e o futuro nos desafia”.

A investigadora convidada, Cláudia Pires, apresentou a vida e a obra de D. João Evangelista, primeiro bispo da Diocese, estruturando a conferência em três momentos: a pessoa e o pastor, o bispo missionário e o projeto pastoral. Fica aqui uma síntese da mesma, em forma de nota biográfica, e a conferência está disponível on-line nos canais da diocese.

Com D. João Evangelista escreveu-se o primeiro capítulo da história da diocese de Vila Real. Foi sucedido por D. António Valente da Fonseca. No próximo dia 12 de fevereiro, sexta-feira, às 21h, será a segunda conferência deste ciclo “Aprofundar as Raízes”, desta vez sobre o segundo bispo de Vial Real.

D. João Evangelista de Lima Vidal,
arcebispo-bispo de Vila Real (1923-1933)

A pessoa e o pastor
Nasceu em Aveiro, na freguesia de Vera Cruz, a 2 de abril de 1874. Em 1887, a mãe, já viúva, pede ao então bispo de Coimbra, conde D. Manuel Correia de Bastos Pina, que ajude o seu filho a realizar o sonho de ser sacerdote. Em outubro desse mesmo ano entrará no Seminário de Coimbra onde faz o curso preparatório seguindo depois para a Universidade Pontifícia Gregoriana em Roma onde fará os estudos teológicos superiores.

Ordenado sacerdote vai exercer o ministério em Coimbra onde foi também professor. Em 1909 é nomeado bispo de angola e Congo.

O bispo missionário
Foi bispo de Angola e Congo durante seis anos tendo percorrido o vasto território da diocese em numerosas visitas pastorais e acompanhado o trabalho das missões que, com a implantação da República, estavam em perigo.

Por esse motivo, em maio de 1914, regressa a Lisboa para negociar com o governo a questão da conservação das missões e a formação do respectivo clero.

A 9 de dezembro de 1915 é nomeado Arcebispo de Mitilene e auxiliar do Patriarca de lisboa. Durante os oito anos que trabalha em Lisboa, sensibiliza-se particularmente pelos mais pobres e cria a Obra de beneficência para raparigas pobres Florinhas da Rua. Continua um intenso trabalho missionário como Procurador Geral das Missões.

A 23 de maio de 1923 é nomeado primeiro bispo da recém-criada diocese de Vila Real.

Projecto pastoral
D. João Evangelista de Lima Vidal entra na diocese a 24 de outubro de 1923, com 49 anos de idade. Nesse mesmo dia nomeou vigário geral Mons. Jerónimo Teixeira de Figueiredo e Amaral.

Criou o boletim O Anjo da Diocese para facilmente comunicar com toda a diocese, algo que sonhava e não tinha conseguido criar na diocese de Angola e Congo. Seria editado ao longo dos dez anos da sua permanência na diocese, até 1933.

Organiza a Cúria diocesana e cria a Obra das Vocações e seminário, depois de fazer o levantamento dos padres da diocese.

Realiza frequentes visitas pastorais e sensibiliza-o a pobreza e outras necessidades que vai conhecendo que o levam a criar a Sopa dos Pobres e as Florinhas da Neve.

No campo pastoral, cria a Associação da Catequese e realiza o 1º congresso da Catequese e o 1ª congresso de Liturgia, este nacional.

Mas a sua obra mais importante será a construção do Seminário, para responder à preocupação de formação do clero, no qual se empenha pessoalmente sensibilizando clero e povo nas visitas pastorais e numa rúbrica própria no “Anjo da Diocese”. É para esta obra que se deslocará ao Brasil naquela que chamou “doce peregrinação” junto da comunidade lusa para juntar donativos para a sua construção, o que gerou opiniões contraditórias em toda a diocese.

O Seminário de Vila Real seria inaugurado a 24 de outubro de 1930 e, dias depois, a 1 de novembro, D. João é nomeado para as Missões Ultramarinas e responsável dos colégios das missões.

Em pouco tempo sentirá o cansaço das várias missões que assume e algum descontentamento na diocese pelas frequentes ausências, o que o leva a pedir um coadjutor e, entretanto, a ser substituído numa das missões.

Será desligado da diocese de Vila Real a 31 de maio de 1933 e vai residir para Aveiro onde continuará a trabalhar em prol das missões e sempre preocupado com os mais pobres. Criou as Florinhas do Vouga e dedicou-se à restauração da diocese de Aveiro, o que aconteceu em 1938 e da qual foi o primeiro bispo a partir de 1940 até à sua morte em 5 de janeiro de 1958.

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