Últimas Notícias

Dia da Diocese

Neste domingo em que celebramos o Dia da Diocese, esta liturgia é o momento mais significativo em que nos reconhecemos como Igreja e a expressão mais elevada da gratidão a Deus por todas as graças que tem concedido a esta porção do seu povo. A Palavra de Deus, própria desta Solenidade da Santíssima Trindade, remete-nos para o essencial da nossa fé e para a novidade da natureza e do estilo de ser Igreja.

No diálogo intenso com Nicodemos, de que o Evangelho nos apresentava um breve trecho, Jesus faz uma das suas revelações mais profundas: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça mas tenha a vida eterna». Ao procurar Jesus em plena noite, aquele velho sábio simboliza bem a humanidade que nunca deixou de buscar o verdadeiro sentido da vida. Numa simples frase Jesus ilumina-o com que de mais importante veio ensinar acerca de Deus. A esta luz, também nós, cristãos deste tempo, precisamos de entender o sentido de que, acima de tudo, somos amados por Deus. Sem derivar para questões teológicas, importa sobretudo meditar, contemplar e sentir este amor divino derramado sobre nós, porque só ele é digno de fé e capaz de converter.

Acreditamos que somos filhos amados pelo Pai, o Deus de misericórdia, sempre fiel ao seu povo; acreditamos que na entrega da vida de Jesus salvou o mundo e pelo dom do Espírito nos comunica a verdadeira vida. A nossa fé desde o batismo possui esta matriz trinitária que precisa de ser mais assumida e manifestar-se na nossa vida. Um cristão adulto na fé é aquele que se sente amado por Deus, salvo em Jesus Cristo e animado interiormente pela ação do Espírito. Este é o tesouro da fé que podemos partilhar com o mundo e de que este precisa: ousar falar desta novidade de Deus que tantos ainda não descobriram; testemunhar que não estamos irremediavelmente perdidos mas fomos salvos na Páscoa de Jesus Cristo e mostrar como a espiritualidade que muitos procuram, não se reduz a veleidades de auto-transcendência humana, mas é consciência da presença de Deus que nos habita pelo Espírito que é Santo e Senhor que dá vida.

A marca trinitária da vida de cada cristão corresponde ao código genético trinitário da própria Igreja. Ela é sinal e ícone da Trindade divina porque é fruto do desígnio do Pai, concretizada na pessoa do Filho, sempre vivificada e animada pelo Espírito Santo. A Trindade divina é assim fonte e horizonte para onde caminha o povo crente. Mais do que uma afirmação teórica ou abstrata, esta consciência da natureza trinitária da Igreja foi decisiva, desde o Concílio Vaticano II, para a sua renovação na lógica da comunhão. Uma Igreja sinal da Trindade é uma igreja-comunhão. Uma comunhão que há de manifestar-se concretamente na articulação entre a unidade e a diversidade de pessoas, ministérios e carismas, bem como no modo como são exercidos os cargos e poderes, valorizando mais a participação e a sinodalidade. Este espírito de comunhão que queremos incentivar, pode adquirir algumas das expressões recomendadas por São Paulo: animai-vos uns aos outros, tende os mesmos sentimentos, vivei em paz, partilhai a alegria da fé, trabalhai pela vossa perfeição e pela dos irmãos.

Neste Dia da Diocese proponho a todos um compromisso: o de nos empenharmos na construção da Igreja (e da diocese) na lógica da comunhão, participação e sinodalidade. Desta forma poderemos ser uma Igreja deste tempo, uma Igreja conciliar. Todos são necessários nesta tarefa de renovação, o clero e os leigos, as famílias, as paróquias e comunidades, os movimentos, grupos e instituições. Para corresponder a este compromisso é indispensável que cada um e cada uma sinta que é escolhido por Deus, experimente a alegria de ser cristão e tome consciência de que o Espírito lhe concedeu dons únicos para pôr ao serviço da comunidade.

Gostaria ainda de deixar um desafio. Devido à pandemia os próximos tempos serão mais difíceis para muitas pessoas, pelo que o desafio é: estar atentos e cuidar uns dos outros, sobretudo dos mais frágeis. Vamos precisar de criatividade para encontrar soluções novas e respostas pastorais aos desafios que esta realidade em mudança nos vai colocar. O Verão que se aproxima vai ser diferente, exigindo de todos uma atitude responsável e prudente, ao mesmo tempo que vai solicitar que as pessoas sejam mais solidárias e que as comunidades estejam mobilizadas e unidas para minimizar dificuldades materiais e atenuar outros sofrimentos.

Finalmente quero deixar-vos um convite: conto com todos vós para a celebração do centenário da diocese. O lema proposto pela Comissão Organizadora, já aprovado, é: «Igreja de Vila Real, crescer com raízes». O próximo ano pastoral, cujo programa está a ser ultimado e em breve será apresentado, será o ano preparatório, tendo por inspiração a ideia de «aprofundar as raízes». O centenário, cuja centralidade ocorrerá em abril de 2022, será um momento importante da vida da Igreja diocesana e pode constituir um impulso decisivo para a sua missão futura. Para isso é indispensável que todos partilhem do espírito desta efeméride e se sintam envolvidos nas terão lugar nos próximos três anos. O centenário será de todos e para todos os cristãos da diocese e também para outros, os afastados ou envergonhados, os que não são católicos e os que podem vir a ser…

Quase a concluir mais um ano pastoral, damos graças a Deus pelo trabalho realizado nos vários âmbitos da vida diocesana. Nas paróquias, secretariados, movimentos e em tantas instituições foi necessário um grande esforço de adaptação e improvisação. Quero dizer que estou reconhecido a todos pelo vosso empenhamento. Apesar de o contexto ser ainda de incertezas e algumas angústias, continuemos a caminhar com a confiança de que o Senhor nunca abandona o seu povo, nos alimenta com o Corpo de Cristo e pelo Espírito Santo derramado nos nossos corações nos ilumina e fortalece.

Vila Real, 7 de Junho de 2020

+António Augusto de Oliveira Azevedo

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.